Se você abrir o Google hoje (11), o buscador mais conhecido do mundo está homenageando o compositor e bandoneonista argentino Astor Piazzolla, mas você já ouviu falar dele?
Astor Pantaleón Piazzolla foi um grande músico na Argentina no século XX, ele nasceu em 11 de março de 1921 em Mar del Plata.
Ele foi criado em Nova York como um garoto latino pobre e manco nos bairros mais bruscos, revolucionou a música popular portenha, e faleceu em Buenos Aires em 1992.
Engana-se quem pensa que ele era amado no seu país, pelo contrário ele era odiado e insultado nas ruas, já o chamaram de “assassino do tango”.
História de vida de Astor Piazzolla
Sua viúva Laura Escalada afirmou que ele “não, era um homem muito doce, terno, muito tímido. Acontece que todos temos um caráter áspero quando apanhamos”, disse ela.
Há quem diz que ele tinha mau caráter, por isso Escalada o defendeu. Ela contou que um dia um taxista o recusou a levar e o acusou de ser o “assassino do tango”.
Mas esse cenário mudou nos últimos dias, Buenos Aires prestou homenagens para o argentino que foi criado em Nova York.
Quando garoto, Piazzolla cresceu como imigrante que tinha uma perna deformada, em bairros comandados pela máfia, e foi lá que ele teve seu primeiro contato com a música.
Seu pai era um acordeonista, e comprou em uma casa de penhores, de segunda mão o instrumento que o acompanharia pelo resto da vida, o bandoneón.
O instrumento pesava 10 quilos, uma espécie de órgão que se pendura no pescoço e toca com as mãos, a princípio ele aprendeu a tocar sozinho.
Como a música começou a fazer parte da vida do jovem Piazzolla
Mai tarde ele teve professores, explorou outros ritmos como o jazz, e conheceu Carlos Gardel, o rei do tango em Nova York.
O pai de Astor queria presentear o rei do tango com uma peça de madeira que ele mesmo fazia, e pediu para ele entregar, mas ele foi barrado pelos seguranças.
Nem isso o impediu de subir pela escada de incêndio e entrar pela janela na suíte do astro, ele era malandro, afirmou a sua esposa Laura.
Foi nesse encontro que ele tocou seu bandeneón para Gardel, e ele disse que ele teria futuro, ele também o usou como tradutor de espanhol-inglês.
Por fim, Gardel o convidou para participar da sua turnê pelas Américas, mas o pai de Astor, Vicente não deixou, pois o garoto tinha apenas 13 anos.
Infelizmente foi nessa turnê que Carlos Gardel e todos os que estavam com ele morreram quando o avião caiu em Medellín, na Colômbia em 24 de junho de 1935.
Tentando a vida em Buenos Aires como músico
Em 1942, Astor estava tentando ganhar a vida em Buenos Aires como músico, ele era jovem e fazia adaptações do Rachmaninoff.
Ele se casou com Odette Maria Wolff em 1943 e teve dois filhos, Diana (1943) e Daniel (1944). Ele já tocava bem o tango e começou a trabalhar como arranjador na orquestra de Aníbal Troilo.
Mas essa parceria não durou muito, Piazzolla era muito exigente, queria mudar as coisas, obrigava os músicos a estudarem e ganhou fama de maldito.
Ele mudou o tango para algo mais dançante, tocava com sua orquestra em cafés, e era odiado pelos ‘tangueros’ conservadores.
Em 1954 ele viajou para Paris em um navio cargueiro, e lá estudou com a pianista e compositora Nadia Boulanger, que disse a ele para não largar mão do tango nem da música clássica.
De volta a Buenos Aires, em 1959, ele teve a notícia da morte do seu pai, foi nessa hora que ele se trancou no quarto e passou a noite compondo a música que foi sua obra prima: Adiós Nonino.
Adiós Nonino, foi para ele seu tango preferido. Astor ficou muito abalado com a morte do seu pai, se divorciou e se afastou dos filhos.
Em 1969 ele compôs um tango que fez muito sucesso: Balada para um Loco. Em 1975 ele reinventou a música popular argentina com Libertango, muito conhecida até hoje.
Os últimos dias do músico e compositor Astor Piazzolla
Foi nessa época que ele se casou com Laura Escalada, uma locutora de rádio e jovem cantora de ópera. Ela ainda vive no apartamento que os dois compartilhavam.
A casa que fica em frente ao Hipódromo portenho, tem como decoração uma mandíbula de tubarão. Laura conta que ele “adorava pescar tubarões em Punta del Este”.
Somente nos anos oitenta quando Astor já tinha composto mais de 2 mil peças, é que ele começou a ser reconhecido na Argentina, sua terra natal.
Foi em 4 de agosto de 1990 que Piazzolla sofreu um derrame cerebral em um apartamento que morava em Paris, e nunca mais foi o mesmo, foi aí que voltaram para Buenos Aires.
“Fumou muitíssimo a vida toda, já tinha sofrido um enfarte e recebido um by-pass”, contou Laura. “Se eu ficar inválido me mate”, foram uma das palavras dele para ela.
Enquanto ele estava no hospital, Daniel seu filho, aproveitou para retomar o contato com o pai, agora doente. Foi em um estado de coma que o Grande Astor faleceu em 4 de julho de 1992.
Esposa de Astor abre Fundação para não deixar seu nome morrer
Em 1995 Escalada criou a Fundação Astor Piazzolla, e lutou por muito anos para que ele não fosse esquecido. Em 2018 Laura ligou para Daniel, filho do astro e o chamou para trabalhar com ela.
Juntos os dois se uniram em favor da Fundação. Daniel já tinha se tornado empresário aos 20 anos, e topou o desafio.
“Pouco a pouco, Laura deixou de ser a esposa de Astor e se tornou minha avó”, disse Daniel Piazzolla.
“O que acontece nestes dias teria sido impossível sem o Daniel, meu neto”, afirmou Laura, segundo reportou El País.
Homenagens ao centésimo aniversário de Piazzolla
Piazzolla virou um herói argentino, e hoje (11) de março de 2021 marcando o seu centésimo aniversário, o Google também homenageou o astro.
Mesmo com a pandemia o Teatro Colón abriu para prestar homenagem ao música. O Centro Cultural também dedica uma programação especial a ele.
O ano de 2021 já está marcado para terminar com as músicas de Astor Piazzollo, com um grande concerto em frente ao Obelisco na passagem de ano.
Confira alguns vídeos do músico abaixo:
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